Escrevi esta carta a 19-Março-1980 e nunca a entreguei ao meu pai ... ele faleceu de acidente de viação a 26 de Novembro do mesmo ano.
"Pai,
Hoje é o teu dia e não tenho nada para te oferecer. Quero dizer-te tanta coisa e não consigo, quero abraçar-te e não sou capaz.
Gostava de te dizer que te adoro mesmo quando te vejo embriagado e fico sem alegria; queria dizer-te que os teu cabelos brancos são muito valiosos para mim pois mostram-me que a idade vai tomando conta de ti e isso significa que tal como eu, já foste jovem, mas nesse tempo, durante a tua juventude, trabalhavas nos campos alentejanos, de sol a sol com o suor escorregando pelo teu rosto (agora já com as rugas a aparecer), para hoje teres a alegria de me dares o que nunca tiveste.
Queria dizer-te tudo isto mas não sou capaz porque entre nós não existe diálogo ... por isso, apenas consigo continuar a chamar-te PAI.
A tua filha que te adora,
Lena"
P.S. - Jurei nunca mais guardar cartas na gaveta.
quarta-feira, 19 de março de 2008
Carta ao meu pai
Publicada por Lena à(s) 19:51
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
0 comentários:
Enviar um comentário